A nova política. O fim do centrão?
O toma lá da cá acabou. Foi com este lema que Bolsonaro e seus aliados subiram a rampa do palácio do planalto. A maioria de Ministros eram técnicos, alguns de grande reconhecimento em suas áreas, como Paulo Guedes, Sergio Moro, Marcos Pontes. Os que tinham lastro político eram apoiados por bancadas temáticas, como Tereza Cristina na agricultura, apoiada pela bancada ruralista.
E aqui eu sugiro um livro: "A gramática política do Brasil" de Edson Nunes. Neste livro, a grosso modo, o autor descreve como o Poder Executivo age, ou seja, quais métodos utiliza para fazer funcionar a sua burocracia. Conclui então que existem "gramáticas" que o presidente conjuga, são elas: O insulamento burocrático, o universalismo de procedimentos, corporativismo e o clientelismo.
Estes conceitos são largamente trabalhados no livro, e neste texto falaremos sobre o clientelismo, que é, então a principal gramática conjugada na relação entre o centrão e o Poder Executivo. Assim, os parlamentares pleteiam a nomeação em cargos chaves também a liberação de emendas parlamentares para para direcionar políticas públicas para as suas bases eleitorais. Neste contexto, soma-se a estigmatização corrupta destas ferramentas. Ou seja, no senso comum, o objetivo do parlamentar é buscar espaços para fazer corrupção.
Então Bolsonaro, que pautou boa parte de sua campanha na bandeira do combate a courrupção, comprometeu-se a não ceder a pressão de parlamentares neste sentido. Isso trouxe consequências, pois se com um mão os parlamentares pedem espaço e emenda, com a outra oferecem o seu voto e apoio aos projeto de interesse do Executivo em pauta no Legislativo.
Sem este apoio, Bolsonaro viu seus projetos parados por falta de apoio, em especial na Câmara dos Deputados. A estratégia escolhida pelo presidente foi coordenar uma série de manifestações, nas redes sociais e nas ruas do Brasil, para pressionar Congresso e STF.
Vários fatores caminharam juntos neste processo. A afinidade de pautas de Paulo Guedes, Ministro de Economia, e Rodrigo Maia, Presidente da Câmara, fez com que as pautas econômicas caminhassem relativamente bem. A resistência do congresso a Sergio Moro empacou o Projeto de Lei Anticrime do ex-Ministro da Segurança. O racha no partido do presidente (PSL), dividiu sua base no congresso, que culminou com a saída de Bolsonaro do partido. As críticas públicas feitas entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia, alternavam-se com manifestações de apreço. A articulação política saiu das mãos de Onyx Lorenzoni e os militares passaram a atuar nesta frente, depois de críticas de parlamentares de que os ministros não os recebiam para reuniões.
Mas, hoje, quase um ano e meio de governo, o presidente busca agora o apoio do centrão para garantir uma base política no congresso, entretanto , a sensação no congresso é de que o Poder Executivo é terreno lamacento, não se pode pisar sem desconfiar.
A aqui eu afirmo que a política também obedece a lei natural: "Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.". Os espaços que o centrão buscava no governo federal, foram transformados. Governos estaduais, poderes legislativos estaduais, prefeituras, em algum lugar estes espaço foi alocado. O centrão se adaptou e sobreviveu.
Bolsonaro precisa de apoio Legislativo e, a meu ver corretamente, busca o centrão, vendo neste sua passagem até o fim do mandato, evitando o impeachment.
O centrão, que não é bobo nem nada, aceitará os espaços que Bolsonaro oferecer. Mas nesta relação simbiótica, a pergunta que paira sobre os integrantes do centrão é: "Diante da instabilidade de Bolsonaro, será que um outro presidente não seria melhor?". Assim o hospedeiro não é mais o Executivo, mas sim o centrão. Quem depende nesta relação é o executivo, o centrão já tem vida própria.
Fonte da imagem: http://www.tribunadainternet.com.br/
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