O contexto Bolsonaro de crise
A crise que assola o país não é apenas sanitária. Os indicadores apontam uma desaceleração na produção e no consumo, ou seja, crise econômica. Entretanto, destaco que a crise econômica é consequência da pandemia do COVID-19, o mundo inteiro enfrentará estes desafios.
O coronavirus impôs a todos os países do mundo a mesma problemática, sem distinções. Europa, China, Estados Unidos, Brasil, países ricos, países pobres, do norte, do sul, não importa, todos tiveram e tem que lidar com o vírus.
É claro que o Brasil, por suas dimensões continentais exige que a ação do governo seja mais eficaz e rápida. Compra de respiradores, construção de hospitais de campanha, compra de máscaras, luvas, e aventais para profissionais da saúde, são exemplos de ações para a crise sanitária. Ampliação de crédito para empresas, auxílio financeiro para autônomos e informais, são ações tomadas para enfrentar a crise econômica.
Há, contundo, um terceiro aspecto a ser considerado, as relações institucionais. A relação entre união e ente federados, bem como entre o Poder Executivo e os outros poderes são relações institucionais. E aqui está o grande nó do governo Bolsonaro. Isto é o que gera a terceira crise que enfrentamos concomitantemente, a crise política.
Nem todos os governadores são alinhados ideologicamente com o Presidente, os deputados e senadores pensam diferente, tem ideias diferentes, e os juízes nem sempre concordam, do ponto de vista jurídico, com as ações do Executivo.
Bolsonaro lida mal com o contraditório.
Pessoalmente, penso que o que gera este ruído entre o Executivo e seus interloucutores (seja quem for) é uma pergunta que não sai da cabeça de Bolsonaro: "SE EU FUI ELEITO PELO POVO COMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, PORQUE NÃO POSSO FAZER O QUE EU QUERO?!"
Bolsonaro acredita que aqueles que divergem de suas opniões não estão alinhados com a vontade popular. Bolsonaro acredita ser a personificação do povo. O rei da frança Luis XIV disse "Eu sou o Estado", Bolsonaro o parafraseia "Eu sou o povo.".
Ao assumir esta posição Bolsonaro se isola, aprofunda a crença de que quem não concorda está contra o povo, quando na verdade, o que se busca é um aprofundamento do debate para entender melhor os problemas, alcançar soluções mais adequadas. A crise política é originada por uma crise de ego de um presidente que se assume maior do que realmente é.
Sua síndrome de paixão pelo poder desestabiliza ainda mais um país que já está fragilizado pela morte de pessoas e pela perda econômica.
Bolsonaro precisa entender urgentemente que deve trabalhar conjuntamente com governadores e prefeitos, não em guerra. Que deve buscar o legislativo na construção das políticas públicas.
O Presidente não é dono da bola, mas talvez só perceberá isso quando passarem a bola pra frente.
Fonte da imagem: https://blogdoaftm.com.br/charge-bolsonaro-diz-ter-mais-poder-que-maia/
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