O que o mercado tem a ver com o Governo?


Esta é uma relação que comumente vemos nas notícias e até em pronunciamentos do governo. Mas afinal, o que é o mercado?

O mercado não é um ator homogêneo, no qual todos seus integrantes pensam de forma coesa. Temos que entender de qual mercado estamos falando. A grosso modo, podemos dividir o mercado em duas correntes: o mercado financeiro e os industriais.

É claro que poderíamos dividir em segmentos do mercado, como o agronegócio, as montadoras de veículos e todos as ramificações do mercado de produção. Entretanto, como opção didática dividirei nestas duas correntes citadas.

A primeira corrente, os financistas, tem relação direta com investimentos financeiros como ações na bolsa, títulos de divida do governo, fundos de investimentos, etc. Ou seja, a atuação destes mercados é colocar o seu capital financeiro (ou seja, dinheiro) em opções financeiras do mercado, isto é, eles não geram um produto ou serviço diretamente, mas tem ganho de capital sobre as aplicações de seu dinheiro nas opções disponíveis no mercado financeiro.

Esta corrente do mercado está sempre muito atenta às decisões da política de juros do Banco Central, pois a compra de títulos da dívida pública é paga com o juros da taxa Selic, esta que o BC define. Ou seja, o governo precisa de dinheiro agora, emite um título de dívida pública, que o investidor compra e o governo se compromete a pagar o valor do título mais a taxa selic. Assim, quanto maior a taxa de juros, mais o mercado financeiro será remunerado.

Do outro lado estão os industriais, membros da CNI (confederação nacional da indústria) e as federações estaduais como FIESP, FIERJ, etc. Estes empresários estão mais interessados em outras áreas do governo, tais como as renúncias fiscais, isto é, o governo renuncia à arrecadação de tributos ou parte de tributos. A lógica aqui é que ao pagar menos imposto, os industriais investirão mais no mercado, gerarão mias empregos e isto fortalecerá a economia.

Dado este panorama geral, entende-se a pergunta título deste post.O mercado está intimamente ligado ao governo. E, até aqui, não há juízo de valor nesta relação. A grande questão é como estes mercados influenciam o Poder Executivo e o Poder Legislativo. 

Até tempos atrás, o financiamento privado de campanha era permitido, e assim, empresas ajudavam financeiramente as campanhas criando, obviamente um vínculo e até uma depêndencia com o parlamentar ou governante. O financiamento privado ainda é permitido para pessoas físicas, ou seja, empresas nçao podem doar para campanhas, mas pessoas podem, e há diversos casos em que empresários financiaram campanhas, mantendo, mesmo que em parte este vínculo.

Outro ponto é a eleição de membros destes mercados, empresários, latifundiários, financistas se lançam como candidatos e, quando eleitos defendem, legitimamente, o interesse de seus eleitores, que são, em sua maioria, alinhados ao mercado. 

Mas, o mais importante de ser observado é o lobby exercido por estes atores. Ou seja, a pressão exercida pelo mercado sobre governantes e parlamentares em favor de seus interesses. No Brasil, a atividade do lobby ainda não é regulamentada, abrindo margem para práticas nem sempre republicanas. Soma-se a isto a facilidade que os integrantes do mercado tem para entrar em contato com parlamentares, ministros, secretários e até mesmo presidente e governadores.

Cabe então a reflexão, os mercados influenciam o governo para poder produzir mais e melhorar  a economia brasileira, ou influenciam o governo para poder maximizar seus lucros? 

Afirmo: é justo buscar a maximização dos seus lucros, mas é ainda mais justo o Estado redistribuir a riqueza diminuindo as desigualdes.   



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