2020 acabou, o que esperar das eleições de 2022.
Com o fim do processo eleitoral municipal, está dada a largada para as eleições presidenciais de 2022. E os resultados das eleições deste ano nos indicam alguns pontos bastante relevantes para serem analisados.
Em primeiro lugar, a enorme quantidade de prefietos eleitos pelo centrão, em especial PP - PSD - MDB, demonstrou que o centrão precisa muito menos de Bolsonaro do que Bolsonaro precisa do centrão. Juntos, estes três partidos governarão 2.123 municípios brasileiros, ou seja, quase 40% das cidades brasileiras.
No campo político da direita, destaca-se o bom desempenho do PSDB no estado de São Paulo consolida a capacidade política do governador João Doria. Ainda que no resto do Brasil o partido não tenha ido tão bem quanto em São Paulo, o PSDB ainda é o quarto em número de prefeituras 520, sendo 172 em SP. O DEM, que atualmente tem a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado, conseguiu quase dobrar o número de prefeituras governadas, sendo quatro delas capitais (Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro e Salvador)
A dobradinha PSB+PDT, ainda que não tenha ido para o segundo turno em São Paulo com Marcio França, conseguiu ser bem sucedida em Fortaleza, Recife, Aracaju e Maceió, quatro das nove capitais nordestinas. O PSOL, ainda que não tenha alcançado um número significativo de municípios destacou-se por eleger o prefeito de Belém (PA), ter ido ao segundo turno em São Paulo com Guilherme Boulos/Luiz Erundina. O destaque negativo ficou por conta do PT, que não conquistou nenhuma capital e diminui o número de prefeituras adminsitradas.
Do ponto de vista quantitativo, o jogo está dado. O Centro e a centro-direita tem vantagem, a centro-esquerda manteve-se viva no cenário político. Já o bolsonarismo e o petismo seguirão amparados por ser apoiadores, já que os resultados nas urnas não os favorecem.
Como presidenciáveis temos, principalmente, Ciro Gomes, Guilherme Boulos, Fernando Haddad, Jair Bolsonaro, João Doria, Datena, Luciano Huck e Flávio Dino.
Neste aspecto, temos que destacar a fragmentação da esquerda, que nestas eleições 2020 não conseguiu formar uma coalizão única. Esta cisão na esquerda já foi observada em 2018 no racha entre Ciro Gomes e Fernando Haddad, e, caso não haja uma convergência, acredito ser muito difícil a esquerda ser competitiva em 2022. A relevância do centrão e do DEM, os colocam como fiéis da balança. Além da capilaridade alcançada nas eleições municipais, os recursos de fundo partidário, fundo eleitoral e tempo de tv poderão ser diferenciais na campanha presidencial. Na direita, a fragmentação também existe, mas em menor medida, João Doria e Bolsonaro, que antes eram Bolsodoria, disputam este campo, além do fato de um outsider como Datena e Huck poder ser apoiado por lideranças como Kassab e ACM Neto.
Para Doria, há um desafio de convencer DEM, PSD, PP e MDB e o próprio PSDB da viabilidade de sua candidatura. Ainda que Doria seja um dos nomes mais fortes em seu partido, alguns episódios mostram que o governador de SP não é onipotente, a rejeição do requerimento de expulsão de Aécio Neves do partido, pedido pelo diretório de SP é um exemplo disto.
Se eu pudesse apostar hoje, apostaria que o PDT de Ciro Gomes buscará um arco de alianças com REDE, PV, PSB, DEM e MDB, minando assim a candidatura de Doria e conseguindo apoios no centro, na esquerda e na direita, só ainda não sei dizer se Ciro fará como Lula em 2002, transformando-se em "Cirinho paz e amor".
Fonte da imagem: https://medium.com/revista-brado/elei%C3%A7%C3%B5es-2020-prepare-se-para-votar-a79981361ddc
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